La ladainha es una canción con una forma particular, que marca el inicio ritual de la roda de capoeira. En general, se trata de solos largos, compuestos de versos de aproximadamente ocho sílabas, que pueden organizarse en estrofas de cuatro en cuatro. Sin embargo, al ser producto vivo del folclore, la forma puede llegar a variar drásticamente.
El contenido de la ladainha es libre. Puede hablar de la historia de la capoeira, de sucesos políticos, de leyendas, mitos y tradiciones; puede hacer alusión a las hazañas de algún capoeirista valeroso o, simplemente, relatar alguna anécdota importante para aquél que está cantando. Como ocurre a menudo con los versos de la música folclórica, muchas ladaninhas son improvisadas en el momento, si bien existen varias que pueden considerarse tradicionales, cuya letra es de dominio público.
En principio, cualquiera en la roda puede entonar la ladainha, pero se acostumbra que esta sea cantada por quien la dirige, generalmente un Mestre, Contramestre u otro capoeirista con un grado avanzado. Mientras se canta la ladainha no se baten palmas ni se juega en la roda. La idea es que sea un momento especial en el que todos, sin excepción, presten atención a quien está cantando, a lo que dice, a lo que quiere compartir con la comunidad que está presente.
Para anunciar la ladainha, se inicia con un grito: “Iê!”. De esta forma, se da aviso a la batería de capoeira y a todos los convidados a la roda para que se alisten a iniciar el ritual. Al finalizar el solo, la ladainha suele continuarse con una serie de responsorios corales denominados “chula”, que pueden ser improvisados sobre una forma establecida: el solo canta “Iê!” y agrega un verso pequeño, generalmente no mayor a cinco sílabas; el coro, contesta entonces “Iê!” más lo que el solista ha pronunciado, y lo remata con un “camará”. Por ejemplo:
Solo: “Iê! Viva meu Deus!”
Coro: “Iê! Viva meu Deus, camará!”
Solo: “Iê! Volta do mundo!”
Coro: “Iê! Volta do mundo, camará!”
El chula puede ser tan largo como lo desee quien está cantando. Asimismo, puede ser totalmente improvisado, o seguir ciertos patrones establecidos. Al estar muy clara la estructura de los responsorios, el coro siempre podrá contestar.
Durante el chula todavía no hay juego, pero está permitido batir palmas y tocar todos los instrumentos de la batería de capoeira, si así lo decide quien dirige la roda. El efecto del chula, con sus responsorios monótonos pero a la vez improvisados, es una especie de sintonía entre todos los que están presentes, entre quienes tocan, quienes cantan, quienes dirigen la roda y quienes eventualmente pasarán a jugar. Así, el terreno está preparado para iniciar el ritual de la roda de capoeira.
Aqui una lista de frases tradicionales para usar durante el chula.
David Contreras ©
A continuación encontrarás la letra de algunas ladainhas, tanto pertenecientes al dominio popular como de la autoría de diversos maestros. De conocer el autor, este se indica al final de la letra.
Iê!
Eu nasci foi de repente
Sem parteira e nem Doutor
Saltei fora bem ligeiro
Minha mãe nem sentiu dor
Eu caço sem cão nem gato
Porque sou bom caçador
De mulher eu tive muita
Mas nenhuma me pegou
Agora cabei de crê
Que general num é doutor
Camará!
Iê!
Capoeira jurou bandeira,
Pediu seu santo sua proteção,
Entrou na roda olhou parceiro,
Mas ao olhar pro céu pediu perdão,
Ê vai dando uma volta de saudação,
Ô ainda na roda falou!
Capoeira eu sou baiano,
Ô foi mestre Suassuna foi quem me ensinou!
E estendeu a mão,
Veio no comprimento,
O pé no peito logo levou,
Ô mas subiu do chão que nem corisco,
Pra confirmar o que havia dito!
Capoeira nesse dia
Ele usou tudo o que sabia,
Ô, mas se não lutasse perdia,
O amor do peito de Maria,
Moça do seu coração,
Rondou no ar e no chão,
Teve a bravura do cão,
Foi rezando uma oração!
Ê lá homem de corpo fechado,
Não teme ferro de matar,
Ôgun é meu padrinho,
É guerreiro no céu e guarda na lua,
Ê na terra o meu peito é de aço,
E lá faca de ponta não fura!
Camará!
Iê
Minha fé em Deus é grande
É grande como o universo
Na roda da Capoeira
Protecção a Deus eu peço
Na corda do Berimbau
O meu nome eu vou falar
Eu me chamo o passado
Do futuro bem presente
Viva a Deus lá nas alturas
Deu Capoeira para gente
Camará!
Iê!
O mundo de Deus é grande
Entra no mato fechado.
O pouco com Deus é muito,
O muito sem deus e nada.
Noite de escuro não serve
Pra caçar na madrugada
Caçador de muitos tiros
De manhã não acha nada.
Veado correu pulando
Um dia corre na trilha
Se eu fosse governador
E manobrasse a Bahia
Isso que tu está fazendo
Comigo tu não fazia
Camaradinho!
Iê!
Eu já vivo enjoado
De viver aqui na terra
Amanhã eu vou pra lua
Falei com minha mulher
Ela então me respondeu
Nos vamos se Deus quiser
Vamos fazer um ranchinho
Todo cheio de sapé.
Amanhã ás sete horas
Vamos-nos tomar café.
Eu que nunca acreditei,
Não posso me conformar.
Que a Lua vai á Terra
E a Terra vai pro ar
Tudo isso é conversa
Pra comer sem trabalhar
O senhor, amigo meu
Ouça bem o meu cantar
Quem é dono não ciuma
Quem não é quer ciumar!
Camará!
Iê!
Camarada me ajude
Leva pra moça o meu recado
Diga que eu estou aqui
Com meu berimbau do lado
Que eu estou ficando velho
Com os cabelos prateados
Mas ainda sei canções
Dos tempos de namorados
Camará!
Iê!
Mestre Pastinha
Capoeira então cantou
Cantou alto, cantou forte
Pra avisar nosso senhor
Vai pro céu um homem velho
Velho de grande valor
Ensinou no Pelourinho
A menino e a doutor
Mas aqui foi esquecido
Pra ele ninguém ligou
Ficou velho num asilo
Sofrendo com muita dor
Deus o viu e teve pena
Veio aqui e o levou
Para morar lá em cima
Junto com nosso senhor
Lá no céu tem três estrelas
Todas três em carreirinha
Uma é Bimba, a outra é Besouro
E a outra é mestre Pastinha
Camará!
Iê!
Dona Isabel que historia é essa
De ser princesa boazinha
Que libertou a escravidão
Estou cansado de conversa
Estou cansado de ilusão
Abolição se fez com sangue
Que inundava este país
Que o negro transformou em luta
Cansado de ser infeliz
A abolição se fez bem antes
Ainda por se fazer agora
Com a verdade da favela
Com a mentira da escola
Dona Isabel chegou a hora
De acabar com esta maldade
De ensinar pro vossos filhos
O quanto custa a liberdade
Viva Zumbi nosso Rei negro
Que fez-se herói lá em Palmares
Viva cultura desse povo
A liberdade verdadeira
Que já reinava nos quilombos
Que já jogava capoeira
Câmara!
Iê!
Riacho tava cantando
Na cidade de Açu
Quando apareceu um nego
Como a espécie de urubu
Tinha casaca de sola
Sapato de couro cru
Beiços grossos redobrado
Da grossura de um chinelo,
Tinha o olho encravado
Outro olho era amarelo
Convido Riacho
Pra cantar o martelo
Riacho disse eu não canto
Com nego desconhecido
Ele pode ser um escravo
Ande por aqui fugido
Eu sô livre como um vento
Tenho minha língua nobre
Nasci dentro da pobreza
Não nasci na raça pobre
Que idade tem você
Que conheceu meu avô
Você está parecendo
Que é mais moço do que eu
Camará!
Iê!
Igreja do Bonfim
E mercado do modelo
Ladeira do Pelourinho
Baixa do Sapateiro
Por falar em rio vermelho
Eu me lembrei do terreiro
Igreja de São Francisco
E a praça da Sé
Onde ficam as Baiana
vendendo Acarajé
Por falar em Itapoá
E a lagoa do Abaeté
Câmara!
Iê!
Não sei como se vive
Nesse mundo enganado
Se fala muito é falador
Se fala pouco é manhoso
Se bate é desordeiro
Se apanha é mofino
Se come muito, é guloso
Se não come é mesquinho.
Trabalho tem marimbondo
Faze casa no capim
Se o vento leva ela,
Marimbondo leva fim.
Caveira quem te mato?
Foi a língua, meu sinhô
Um dia tava com sede
Pensava se ruim
Eu sempre lhe dizendo
Inveja matou Caim
Camará!
Iê!
Lá no céu tem três estrelas
Todas as três de carreirinha
Uma é minha a outra é sua
A outra vai ficar sozinha.
Uma é Bimba, a outra é Besouro,
A outra é Mestre Pastinha
Câmara!
Iê!
Bahia minha Bahia
Capital do Salvador
Quem não conhece esta capoeira
Não lhe dá o seu valor
Todos podem aprender
General e também quem é Doutor
Quem desejar aprender
Venha aqui pra Salvador
Procure Seu Pastinha
Ele é bom professor
Câmara!
Iê!
Perguntei para o diabo
De onde vem, pra onde vai
Se é soltero ou é casado
O quê trabalho você faz
Diabo me-respondeu
Eu não conto minha vida
A quem não tem necessidade
Você não é juiz de paz
Nem tampoco autoridade
Pra você mexer comigo
Tem que ter capacidade
Quando eu foi para o inferno
Eu pasei Pelô alem
Se você mexer comigo
Vai pra o inferno tambem
Camaradinha!
(M. Curió)
Iê!
Lampião e o Capoeira,
Se encontraram na cantiga.
Lampião puxou peixeira,
Capoeira abriu uma ginga.
Lampião puxou de novo,
Dessa vez quase acertou,
Mas o bravo Capoeira
Se fez de morto rolou pelo chão.
Lampião chegando perto
Tomou uma rasteira e caiu pelo chão.
Lampião se levantou
Ainda morto de medo.
Perguntou quem era o cabra,
Ele disse: eu sou Besouro Preto.
Essa história meu colega,
Correu a cantiga inteira,
Lampião foi derrubado por Besouro Capoeira,
Camará!
(M. Barrão)
Iê!
O meu berimbau de ouro,
Eu deixei no Gantois!
É um gunga bem falante
Que dá gosto de tocar
Eu deixei com menininha
Para ela abençoar
Amanhã às sete horas
Pra Bahia vou voltar
Vou buscar meu berimbau
Que deixei no Gantois,
Camará!
(M. Acordeon)
Iê!
Cachorro que engole osso
Nem olha para a grossura
Quem mexe mulher dos outros
Não tem a vida segura
Navio também tem casco
Mas não usa ferradura
A noite também tem boca
Mas não usa dentadura
Inferno também tem porta
Mas não usa fechadura
Nunca vi filho de Deus
Que não fosse criatura
Não tão pouco um capoeira
Que tivesse a junta dura
Camará!
(M. Suassuna)
CHULA
El chula es, a modo de los responsorios religiosos, una manera de pedir protección y dar gracias por la capoeira y por la vida, es cantado inmediato a la ladainha y terminado este pueden los capoeiristas dar inicio al jogo.
El chula no es una canción previamente establecida; aunque es improvisada tiene cierta lógica interna en la que una frase puede corresponder a la siguiente. Hemos colocado el coro en negritas.
Rosalinda Pérez Falconi ©
Salve a Bahia!
Yê, salve a Bahia, camarada
Salve o Brasil!
Yê, salve o Brasil, camarada
Aluandê!
Yê, aluandê, camarada
Aluandá!
Yê, aluandá, camarada
A capoeira!
Yê, a capoeira, camarada
Galo cantou!
Yê, galo cantou, camarada
Cocorocó!
Yê, cocorocó, camarada
Chegou a hora!
Yê, chegou a hora, camarada
Vamos s’bora!
Yê, vamos s’bora, camarada
É hora, é hora!
Yê, é hora, é hora, camarada
Campo de mandinga!
Yê, campo de mandinga, camarada
Volta do mundo!
Yê, volta do mundo, camarada
Que o mundo deu!
Yê, que o mundo deu, camarada
Que o mundo dá!
Yê, que o mundo dá, camarada
Menino é bom!
Yê, menino é bom, camarada
Quer me vencer!
Yê, quer me vencer, camarada
Sentido nele!
Yê, sentido nele, camarada
Jogo de mandinga!
Yê, jogo de mandinga, camarada
Tem fundamento!
Yê, tem fundamento, camarada
Pára de beber!
Yê, pára de beber, camarada
Faca de ponta!
Yê, faca de ponta, camarada
Valha- me Deus!
Yê, valha-me Deus, camarada
É mandingueiro!
Yê, é mendingueiro, camarada
É cabeceiro!
Yê, é cabeceiro, camarada
Viva meu mestre!
Yê, viva meu mestre, camarada
Viva todos os mestres!
Yê, viva todos os mestres, camarada
Que me ensinou!
Yê, que me ensinou, camarada
A malandragem!
Yê, a malandragem, camarada
Da capoeira!
Yê, da capoeira, camarada
Tamos na escola!
Yê, tamos na escola, camarada
Para aprender!
Yê, para aprender, camarada
Aquinderreis!
Yê, aquinderreis, camarada
Que vai fazer!
Yê, que vai fazer, camarada
Com capoeira!
Yê, com capoeira, camarada
Agua de beber!
Yê, agua de beber, camarada
Goma de engomar!
Yê, goma de engomar, camarada
Ferro de passar!
Yê, ferro de passar, camarada
Faca de matar!
Yê, faca de matar, camarada
Pelo mundo afora!
Yê, pelo mundo afora, camarada
Ilha de Maré!
Yê, Ilha de Maré, camarada
Praia de Arembepe!
Yê, Praia de Arembepe, camarada
No Abaeté!
Yê, no Abaeté, camarada
Morro de São Paulo!
Yê, Morro de São Paulo, camarada
Farol da Bahia!
Yê, Farol da Bahia, camarada
Pela barra afora!
Yê, pela barra afora, camarada